terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O meu Serviço Militar

Quando chegou a minha vez fui para o Exército, a chamada tropa macaca, cumprir o Serviço Militar Obrigatório.

Fernando José Espada figueiredo

"Socorrista Figueiredo"
ou
"O Pastilhas 111"

"PER ARDVA ADVIGILANS"
B.I.R.T./ C.I.S.M.
Em 22 de Junho de 1922, o BRT passou a designar-se Batalhão de Informações e Reconhecimento das Transmissões (BIRT) e são-lhe atribuídas responsabilidades no âmbito das informações.
  

Forte da Trafaria

Instalações da (CHERET) Chefia do Serviço de Reconhecimento das Transmissões

Fui então incorporado no B.I.R.T. Batalhão de Informações e Reconhecimento das Transmissões, na Trafaria, no dia 21 de Janeiro de 1986 – 1º Turno de 86.
F. Figueiredo Soldado
Recruta n.º 111/86.








"Sempre a aviar cartucho"

A nossa velha carreira de tiro.

Vista Lateral do Quartel do BIRT

É aqui que faço então a recruta básica, durante aproximadamente três meses, chefiada pelo Comandante do BIRT Tito Luís de Almeida Bouças Tenente-coronel de Artilharia e pelo Comandante de Instrução o Major Gambôa de Matos.


É aqui que venho a conhecer a Amélia (nome de guerra), uma cantora lírica 3 anos mais velha que eu, (Gewehr 3) era o seu nome verdadeiro, velha meretriz conhecida apenas por (G3), uma espingarda automática fabricada pela Heckler & Koch, fuzil de calibre 7,62 mm NATO.

Confesso que não nos demos muito bem, nem criámos grandes laços afectivos, além de ser obrigado a usar óculos por causa dela, valeu pelos passeios que demos juntos e o tempo perdido que dei a lubrificar-lhe os buracos todos, atirador designadamente não seria a minha especialidade por muito que me esforçasse.

Daqui sigo com guia de marcha para Setúbal afim de tirar a especialidade de Socorrista no antigo convento de Brancanes, onde estava instalado o extinto B.S.S. Batalhão de Serviços de Saúde.
 
O extinto Quartel do B.S.S.

Brancanes - Setúbal
  Batalhão dos Serviços de aúde que passou para Coimbra
"Um antigo convento de uma velha ordem extinta, transformado então em quartel militar, ou seja, uma grande piolheira nojenta a cheirar a mofo, dizia-se que era assombrado pelos espíritos das freiras que lá viveram e morreram, e se recusavam a partir."
(Podera, agora com tantos gajos)
 


Ouviam-se relatos de antigas histórias mais ou menos tenebrosas e testemunhos de alguns fenómenos e movimentos extra sensoriais, era louco eu gostava de ver a cara assustada de alguns labregos que lá foram parar, eu próprio confesso que inventei algumas histórias bem credíveis, com base no esqueleto da aula de anatomia, tinha geito para o macabro.

Mas na realidade eu também presenciei lá algumas aberrações, mas de camaradas vivos, a começar por alguns cabos de instrução de espírito mal formado, mas na realidade nunca vi nenhum fantasma de monge ou de freira morta pelas redondezas!

Após a extinção desta unidade militar, o velho convento de Brancanes, passou de quartel militar a estabelecimento prisional em 1998.

 "SERVIR OS QUE À PÁTRIA SE SE DÃO"

F. Figueiredo - Soldado Recruta n.º 2/86 A (adido)
Após a recruta da especialidade de socorrista faço o meu Juramento de bandeira nesta unidade.
Era chegado o tão desejado final, do doloroso términos da recruta da especialidade de soldado socorrista no Batalhão do Serviço de Saúde, finalmente lá passo a "pronto".

Faço então o Juramento de Bandeira!
O juramento de bandeira é uma cerimónia tradicional nas Forças Armadas na qual o cidadão português, decorrido um período de instrução militar geral, é considerado apto a frequentar uma instrução complementar, constituindo o compromisso de honra de cada um dos novos soldados.
Naquele dia berrei com pujança, com voz de “colhão” como era então ordenado aos militares…
"Esta é a ditosa pátria minha amada"

JURO,
Como Português e como Militar,
Servir as Forças Armadas,
Cumprir os Deveres Militares,
Guardar e fazer guardar a Constituição
E as Leis da República.


JURO,
Defender a minha Pátria
E estar sempre pronto a lutar
Pela sua Liberdade e Independência
Mesmo com o sacrifício da própria Vida.


E com toda a pompa e circunstância, ao som do ribombar estridente da fanfarra marchei a passo de ganso, que era ao estilo inglês, "com pujança e cagança", (Há homem) como era requerido, lá perante a tribuna oficial toda engalanada.
Para grande surpresa da minha progenitora eu era dos mais baixos do Pelotão.


Após o juramento de Bandeira volto a ser incorporado no B.I.R.T. como soldado socorrista com o N.º mecanográfico 18922586. Suportando assim a difícil e arrojada tarefa, de confrontar diariamente as investidas e os ataques de loucura da besta humana, o temível e perigoso psicopata, Joaquim Bernardo, o 1º Sargento enfermeiro da enfermaria deste Batalhão, um homem "Extra ORDINÁRIO", como eu nunca conheci, brutal.


A enfermaria do BIRT
Da esquerda para a direita, a barbearia, a enfermaria e os telefonistas

No entanto valeu pelo numero de tratamentos e socorros que executei no decorrer das minhas funções, aos camaradas e amigos que no momento necessitaram, "DIVINUM OPUS SEDARE DOLOREM" na divina missão de acalmar a dor. Pondo de lado as aberrações, também me orgulho de servir o Exército Português e de ser Português.


Desmobilizado do serviço militar obrigatório,
passo à diponibilidade no dia 1 de Maio de 1987.

"Agora... dispara tu que eu doi-me o braço."

Um forte abraço aos camaradas de pelotão:
Carlos Tadeia, ao Paulo Mendonça, Júlio Santos, Rolo,
e a todos os camaradas do B.I.R.T. 1º e 2º Turno de 86
e outros que eu na época ajudei a tratar das mazelas lá na enfermaria.
Estamos a fazer quase três décadas do nosso compromisso.
Se os nobres camaradas que visitarem este blog quiserem organizar um almoço convivo de pelotão, contactem-me pelo E-mail: fernandofigueir@gmail.com

10 comentários:

Anónimo disse...

nao so curastes mazelas como aturastes malucos doidos varridos da tola como ouvis-tes a mesma anedota durante a tua recruta toda aaaaiiiiooooeeeee agora assim pareces um militar na tropa eras um bom rapaz querias conhecer um mundo novo para ires mais longe nos teus orizontes de socorrista continua assim

Unknown disse...

Também eu fui incorporado no extinto BRT (Batalhão de Reconhecimento das Transmissões) em Setembro de 1975 e tive o grato prazer de ser comandado pelo então Major Tito Bouças, homem de notável condição humana e solidária.

Unknown disse...

Também eu passei pelo extinto BRT, na Trafaria. Fui incorporado em Set.1975 e concluí a especialidade de Mat.Seg.Cripto. Curiosamente também passei pelo Convento de Brancanes, então afecto ao RI11 de Setúbal. E coincidência das coincidências fui comandado pelo Major Tito Bouças, homem de uma integridade admirável.

Anónimo disse...

Tenho saudades desse tempo. Lembro o Comandante Bouças como uma pessoa integra, humana e respeitadora. Fui lá incorporado no 2º turno de 1985 e fiquei destacado com a especialidade de Mat.Seg.Cripto na Secretaria Geral da Unidade até quase finais de 1986. Um valente abraço aos meus camaradas do BIRT.
1ºCabo Santos 04402985

António Valadas disse...

Parabéns pelo teu blogue. Gostei muito do que vi.

Cheguei até ele numa procura pela expressão "serviço militar", tema de um fórum que criei recentemente.

Este artigo enquadra-se perfeitamente naquilo que eu pretendo para o referido fórum.


Se tiveres oportunidade visita-o.


Cumprimentos


P.S. Eu também sou de 86, mas da EPA.

Unknown disse...

Quero mandar um abraco a todos aqueles que tiveram o BIRT como casa durante largos meses como eu.
Entrei no BIRT em Abril de 1987 , logo a seguir ao meu juramento de bandeira no RAC. Com a especialidade de transmissoes, fui escolhido pra telefonista aonde fiquei ate Abril de 1988. Servi sobre o TC Boucas, Capitao Pilre e variadissimos outros. E como a central telefonica era do lado do posto de enfermagem, tornava-me muito amigo dos socorristas que tal como eu, ficavam de servico. O meu nome e Serra e era o soldado 222/87 com o numero mecanografico 130864/87. Ao contrario de algums de vcs, nunca mais encontrei ninguem pois, emigrei para os EUA logo a seguir a minha disponibilidade e daqui nao sai mais.
Fico contente em ler historias de outros que tal como eu passaram pela caminhada que era a subida da estacao do barco ate a porta de armas do BIRT.
Abracos

José Anibal Martins disse...

Tambem passei pelo BIRT, Janeiro/85
NO 81/85. Em Agosto/85 segui como adido para o QG/Lisboa.
Recordo que na altura o BIRT era comandado pelo Major Tito L.A. Bouças, tive como instrutor na recruta o Aspirante Nuno Valente.
Recordo tambem muitos camaradas.
Após a saida para a disponibilidade em Abril/86, à excepção de um ou dois contactos nunca mais reencontei ninguem.

José Anibal Martins
1ºCabo (Mat.Seg.Cripto)
N/M 08234785

Alberto Teixeia disse...

Chamo-me Alberto Teixera, sou do Porto e da incorporação de janeiro de 1986, com o número 102/86.
Fiz a totalidade do serviço militar (Jan. 86 a Mai 87) no BIRT, embora depois da recruta, e da escola de cabos, tenha transitado do BIRT para o MURFACEN, que como deve saber era uma base operacional que se situava no ponto mais alto da Trafaria, e aí cumpri a totalidade da minha vida militar como 1º cabo.
Embora não me recorde e si, fiquei contente por ver este seu blogue que me fez recordar esses memoráveis tempos. Bem haja e que tenha muita sorte na vida.

Anónimo disse...

também passei pelo BRT,como socorrista, 3º turno de 1978,relembrei as fotos com muita saudade,estive 2 dias nessa enfermaria com uma luxação no pé, e aturei um sargento enfermeiro meio maluco,depois segui para o HMDIC em Belém onde cumpri o resto do tempo,Abraços
António Rodrigues nºm.12164478

Capitão Haddock disse...

teria todo o gosto que te associases ás nossa página do facebook, lá poderás encontrar velhos camaradas e partilhar das nossa postagens, abraço camarada!

https://www.facebook.com/groups/113935915336328/

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