quarta-feira, 14 de maio de 2008

O Banjolim - Trompéte, Requinta ou Bilim

Instrumento robusto que pelas suas características resiste ao passar dos anos, raro por que já escasseia quem os constrói, e os que existem ficaram por herança. E aqui faço referencia aos Banjolins-Trompete "Grácio"
construídos pelo Sr. Grácio, pai do contemporâneo violeiro de Lisboa Sr. Gilberto Marques Grácio, pela sua qualidade acústica proveniente da liga metálica que forma a caixa acústica.
Quem ainda possui um Banjolim sabe que, pode sentir entre as suas mãos um pequeno fragmento da história e da cultura das nossas gentes. Por outro lado, os instrumentos antigos tem um duplo atractivo: Em primeiro, e para mim o mais importante, a perfeição técnica aplicada na sua construção. E em segundo lugar, alguns instrumentos, pelo seu especial nível de sonoridade e os materiais empregues na sua construção, podem considerar-se autênticas obras de arte.

O meu primeiro instrumento.
O instrumento que me despertou o interesse pela música, desde os meus 8 anos que executo, o meu mestre foi o meu pai, Joaquim da Conceição Figueiredo, tocador exímio na execução deste instrumento, mais tarde quando ingressei nos escoteiros, uns veteranos do movimento e mestres do "Fogo de Concelho" o chefe Manuel Tacão Monteiro do Gr. n.º 94 da A.E.P. o compositor e maestro da fanfarra do grupo, e também ele um barbeiro Alentejano junto com o chefe Armando Garcia Inácio, mestre em animação que também tocava Banjolim, grandes "Fogos de Concelho" que fizemos em conjunto, noite fora de acampamentos escotistas, embora aqui toca-se também viola e a minha velha harmónica.

Foi então com o Sr. Manuel Tacão Monteiro que tive noções de Cavaquinho e Viola, mas o meu instrumento musical de base foi sempre o meu Banjolim.
Por volta de 1985 participo num projecto de grupo de música tradicional portuguesa, a convite de uns colegas de liceu, era o "Origens", que ainda chegou a tocar em alguns inventos, lá pela freguesia mas aqui toquei sempre Bandolim. Mas por volta de 1988, volto a tocar, Bandolim com um grupo lúdico do C.C.D. do ministério do C.R.S.S.L. eram então os "Estrada Nova".

Sempre que o toco recordo com saudade o meu pai, faz-me sentir mais perto da sua alma, por vezes é como sentisse mesmo a sua presença, como se por ventura deste modo comunica-se com ele, faz-me sentir bem.

Agora passo o legado ao meu Filho Sérgio Figueiredo.
"Os Toca Tu que eu já não posso"
Já tenho a mão esquerda dormente!

Até a altura do lançamento do álbum "O cavaquinho" de Júlio Pereira, em 1982. Pouca referência se fazia aos instrumentos tradicionais Portugueses, não despertavam interesse ás camadas mais jovens, te-los ou toca-los era quase uma futilidade, e muito menos este em particular, pelo seu timbre gritante, pouco se incentivou ou divulgou ás novas gerações até hoje, exceptuando uma interessante publicação de José Lúcio "Cordofones Portugueses" acompanhada por um registo fonográfico.

http://www.jose-lucio.com/Pagina3/SonsCordofones/O%20Timbre.htm

http://www.jose-lucio.com/Pagina3/SonsCordofones/OS%20SONS/Banjolim.htm

Desta forma espero prestar aqui uma singela homenagem a este instrumento e a estes homens que muito me enssinaram.

Os "Sempre Fixe Jazz"

da Colectividade Sporting Club do Rio Seco
sediada na Rua Silva Porto na Ajuda, Lisboa.

Tuna composta por: Bajolins, Bandolim, Violinos, Guitarra, Violas e Bateria
Foto tirada nos anos 20 do século passado,
grupo encimado por um dos presidentes de então, o entusiasta do teatro infantil
António da Piedade Simplício Júnior.


O Banjolim.
A família dos banjos em Portugal é vasta e muito ligada ao ambiente festivo. As trupes eram grupos de banjos que actuavam em bailaricos, onde os seus executantes tocavam em diversos tipos de banjos. Os mais populares eram o banjolim, que podia ter uma caixa acústica toda em metal passando a ter o nome de banjolim-trompete ou Bilim e a banjola, que quase todos os executantes chamam de “bandola”, que não pertence à família dos banjos mas sim dos bandolins. O banjo tem a sua origem num instrumento africano conhecido por bânia, que os escravos terão levado para a América. Terão sido colonos americanos que o introduziram na Europa e devido à sua sonoridade gritante foi bem aceite pelos músicos solistas. Os braços perderam as características americanas de cordas singelas (4, 5 ou 6 cordas) e passaram a ter cordas duplas em número de oito, distribuídas por quatro ordens. Adoptaram os braços da família dos bandolins. O banjolim afina como o bandolim, do agudo para o grave: Mi, Lá, Ré, Sol. O banjolim tem uma caixa acústica circular, onde o tampo de madeira é substituído por uma pele retesada por um aro metálico, com esticadores, onde o cavalete se apoia. O banjolim era o instrumento preferido do barbeiro alentejano.


In “Cordofones Portugueses”
Por: José Lúcio


Banjolim Tenor, Banjolim Trompete e Bandolim.
Afinação, Encordoamento e Plectros:

A afinação do Banjolim e do Bandolim é a mesma e do Violino:

- Do grave parta o agudo: Sol, Ré, Lá, Mi ou G, D, A, E

- O Lá afina-se pelo diapasão 440 Hz

Mas podes afinar o teu instrumento com um afinador electrónico ou mesmo com uma pequena aplicação como este diapasão digital gratuito para instalar no teu computador, o Universal Tuning Fork nos sons de E4, A4, D4, G4.
Acordes: Os acordes são os mesmos do Bandolim


O calibre do encordoamento:

Mi – 0,25 mm - Aço = Carrinho n.º 9

Lá – 0,30 mm - Aço = Carrinho n.º 4/6

Ré – 0,55 mm - Bordão

Sol – 0,79 mm - Bordão


Pessoalmente tenho preferência pelos bordões da marca brasileira Rouxinol, ou Canário para bandolim, em alternativa uso da marca Dragão, para quem o dinheiro não é problema pode investir nas Thomastik, bem mais caras, existem nas versões (Soft, Medium e Hard) as aconselhadas são as Medium, mas existem mais marcas no mercado.





O calibre dos plectros

Quanto ao plectro ou a "palheta" que gosto mais para o banjolim a solo, são dos pequenos de Nylon ou de Tortex imitação de carapaça de tartaruga (como a Fender da imagem), entre a grossura fina de 0,51 e a média de 0,73 mm.
A maioria dos fabricantes (Jim Dunlop, Alice, Teckpick imprimem a grossura em mm no próprio plectro. Algumas marcas como (Gibson, Fender, Peavy ou Ibanez) ocasionalmente utilizam um tipo de sistema de letras ou texto designando a grossura. A seguir apresenta-se um quadro geral da grossura dos plectros.


Descrição do texto
Grossura aproximada
Outras denominações
Extra liviana / extra fina0.38 mm / 0.014" e menos
Liviana / fina0.51-0.60 mm / 0.020"-0.023""T" ou "Thin" (de"fino")
Média0.73-0.81 mm / 0.028"-0.031""M" ou "Medium"
Heavy / grossa0.88-1.20 mm / 0.034"-0.047""H" ou "Thick"
Extra heavy / extra grosssa1.50 mm / 0.060" e mais


Para aquisição de um Banjolim - Trompete/Requinta ou Tenor, para dizer a verdade já são uma raridade, e os que aparecem no mercado são de qualidade duvidosa, no entanto os mais fáceis de encontrar são os deste construtor de instrumentos musicais tradicionais António Pinto de Carvalho, a empresa APC Instrumentos Musicais, Lda.





















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