terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Um Conto de Natal em Fernão Ferro

É Tempo de optimismo e esperança!
Crer é poder! Acredita no teu sonho!
*
O SONHO DA CAROLINA
Orkut <span class=Era noite de Natal, finalmente tinha chegado o grande dia 24. De manhã Carolina tinha comido o último chocolate do calendário do Advento, que o pai lhe comprara no hipermercado no final do mês passado. No ar sentia-se as fragancias da festa, a fritos, a açúcar e canela. A família e os amigos estavam reunidos mais um ano lá em casa.
Naquela santa noite era a consoada, a ceia de celebração do nascimento do menino JESUS. Na mesa que se estendia pela sala, enfeitada por um bonito centro de mesa feito de flores secas, velas coloridas e bolas de natal que a mãe decorou dois dias antes; dispunha-se a abençoada ceia, que além do prato principal, que nesse dia era sempre de bacalhau, era repleta das mais divinas e variadas iguarias que a mãe caprichava, e fazia questão que a ementa dessa noite fosse sempre tradicional, e outras delícias que os convidados traziam, filhós, fatias douradas, coscorões, sonhos de abóbora, pratinhos de arroz doce, o bolo-rei, azevias, o tronco de natal, broas doces, mousse de chocolate caseira e tantos outros que faziam o encanto de miúdos e graúdos.
Era um Dezembro frio este ano, chovera pouco e as noites eram frias e húmidas, na lareira da casa acesa pelo pai, bem atulhada de azinho e oliveira as chamas crepitavam, numa dança flamejante que aquecia a sala num agradável conforto, agora já aconchegada pelo calor humano da família e amigos que iam chegando, trazendo consigo, amor, saudades e lembranças.
Orkut <span class=
A árvore de Natal cintilava em esplendor, estava magnifica. Este ano, tinha sido decorada com a ajuda do avô Carlos que comprara novas grinaldas de luzinhas decorativas no Bazar da Lena; e o velho presépio de figurinhas de barro que sobrevivia há já três gerações, voltava a contar a mesma história passada há dois mil anos, mas que era sempre nova e deslumbrante. Era ali disposto com musgo, pedrinhas e areia em redor da lapinha feita de tronquinhos e telhado de feno, ao canto da lareira, e iluminado com a luz quente e mística que vinha desta, até parecia que as figurinhas se moviam, com as sombras periclitantes do movimento das labaredas, cumpria assim a tradição, e não é que a cena parecia mesmo real? Era como se as imagens tivessem vida.
Era hábito lá em casa receber as prendas de Natal depois da meia-noite, após a missa do Galo.
Carolina estava inquieta, na agitação própria dos seus sete anos, quase não comera nada há hora da ceia, não parava de olhar para a janela, estava ansiosa por receber as prendas e as horas não passavam. Até que se levantou e foi até ao seu quarto, aproximou-se das vidraças embaciadas da janela, e com a sua mãozinha fez um movimento circular no embaciado do vidro, e ficou a olhar lá para fora através da pequena moldura que tinha desenhado.
Estava escuro lá fora, era uma noite muito fria, formava-se uma aura de névoa à volta dos candeeiros pela humidade da noite. É pena que não caísse neve em Fernão Ferro, para que a paisagem fosse como os contos de Natal que Catarina via nos livros, não se via ninguém na rua, via-se apenas as janelas iluminadas das casas, e decorações de Natal com enfeites tremeluzentes de varias cores e o fumo que saia das chaminés das lareiras; sentia-se o cheiro forte a lenha queimada no ar.
A sua pequena Mina, uma gata tricolor de seis meses, tinha-se cansado de brincar com uma bola dourada que furtara da árvore de natal e aninhou-se ao lado de Carolina sobre o mármore do parapeito da janela, entretida agora a mordiscar os cabelos negros e ondulados da garota.
A pequenita, de olhos negros e ternos, contemplava o céu límpido e estrelado, era o que mais a fascinava na mística dessa noite. De certeza que, nessa noite o Pai Natal iria cruzar os Céus, vindo da Lapónia e trazer as prendas a todos os meninos da Terra, ricos e pobres, de todas a raças e cores, abraçou num afago carinhoso a gatinha no seu peito, e sussurrou-lhe ao ouvido:
- Diz-se que nesta noite todos nós falamos a mesma língua, porque todos somos filhos de DEUS, homens e animais são irmãos, e ambos adoram o seu nascimento.
E assim ambas permaneceram imóveis com os olhos postos no longínquo firmamento, à espera de um sinal vindo do céu. Soaram os sinos da torre da Igreja da N.S. da Boa-Hora a chamar os fiéis, para a missa do galo, não o galo da canja, que esse nunca mais cantou, mas o que anunciava uma nova era, o nascimento do redentor.
Ouviam-se ao longe bonitas canções de Natal entoadas pelo grupo coral pólifonico de Fernão Ferro, pareciam as vozes dos Anjos. Carolina entregue aos seus pensamentos, por momentos fecha os olhos já sonolentos de criança, e aos poucos, cada vez mais longe deixa de ouvir o burburinho alegre da sala, sentia a cara roborizar com o calor que vinha do corpo fofo e quente da gata Mina que agora ronronava junto ao seu pescoço.
É então que começa a ouvir ao longe um som que vinha do lado Norte, som que lhe parecia familiar, pelo menos já o tinha ouvido em várias canções de natal, era de guizos, que tocavam em uníssono à mesma cadencia e ecoavam pelo espaço, centenas de guizos cada vez mais próximos, aproximava-se a grande velocidade, como uma rajada de vento forte. Os cães começaram a ladrar freneticamente de dentro das vivendas a passar a mensagem entre si, os gansos do quintal da vizinha Natália também não paravam de grasnar, e até a gata Quika que está para ser mãe se pôs no meio da estrada a miar para o céu. E eis que de repente, algo de estranho apareceu ao longe no firmamento, era como uma estrela cadente que riscava o céu com um rasto de luz de poeiras brilhantes, era lindo.
- Não! Não, esta tinha a forma de uma carroça, ou melhor de um trenó…! Um enorme e robusto trenó! e que grandes tangentes que fazia aos telhados.
- Hóoo não..., não pode ser! É o Pai Natal!
- Não, posso acreditar! O PAI NATAL!

Mas era mesmo!? Não havia dúvidas era tal e qual como nos livros de histórias de Natal que Carolina tinha visto. O Pai Natal, o bom velhote vestido de vermelho de longas barbas branquinhas, estava sentado no trenó, puxado por parelhas de bonitas renas de pelo luzidio, enfeitadas com grandes guizeiras postas ao pescoço. E na frente de todas lá estava o Rudolph, a rena mais pequena de narizito vermelho, tudo batia certo.

Na parte de trás do trenó centenas de embrulhos, com laços e fitas de todas as cores, amontoavam-se à espera de serem entregues às crianças, que o Pai Natal num movimento rápido atirava por cima das casas e como por magia pareciam ser sugadas pelas chaminés, era uma prática ancestral, que se tornara instintiva, e que o velhinho executava com perfeição num frenético vai e vem em zig-zag, com manobras radicais e vertiginosas de trenó, auxiliado pela acrobacia aérea das renas voadoras.
- Se o meu pai visse isto dizia logo como de costume, com o seu ar entendido “são muitos anos a virar frangos” minha filha.
Mas é então numa dessas manobras que o aproxima em direcção à casa da Carolina, que o Pai Natal lhe acena com a sua luva branca. Chegou tão perto, que Carolina conseguiu ver a cara do velhinho simpático de feições muito serenas, mas já muito enrugado pelo tempo e as longas barbas brancas como a neve, trazia pendurada no peito suspensa por um cordão de ouro uma grande medalha reluzente, inscrita com o seu nome “Nicolau”, era o S. Nicolau de Mira, o padroeiro acolhedor dos pobres e principalmente das crianças carentes, o primeiro santo da igreja a preocupar-se com a educação e a moral tanto das crianças como de suas mães.
- Ele viu-me, olhou para mim!
Carolina trémula de excitação, acenou também.
Num breve segundo, o Pai Natal aproximou-se tanto da janela, que se podia ouvir o arfar das renas e o bafo quente que fazia libertar vapor pelas narinas naquela noite fria, e o ranger da madeira do trenó que quase rebentava com o peso dos presentes, o velhote pisca-lhe o olho. Voltou a dizer adeus, e soltando a sua característica gargalhada cantada em tom grave e forte que ecoou pelo espaço como um trovão:
- , HÓO, HÓOO, FELIZ NATAL!
*
Deu duas voltas sobre o Parque das Lagoas e desapareceu para Sul em direcção ao Pinhal do General e à Quinta do Conde, com a mesma velocidade relâmpago com que chegara, pois só assim se justificava a entrega de todas as prendas no mundo nessa mesma noite.
Carolina nem queria acreditar, sentia ainda as pernas tremerem-lhe, não cabia em si de contente, ela tinha vivido de perto a magia do Natal, ouvia agora o som ténue dos guizos a afastarem-se, cada vez mais longe. O Pai Natal tinha-lhe acenado e não havia dúvidas que era para ela, porque ele se aproximou da janela. Carolina ficou imóvel, petrificada, tinha sentido um calafrio percorrer-lhe o corpo todo, o seu coraçãozinho batia apressadamente, tinha vontade de correr a contar a sua visão, a toda a gente, mas pensou:
- Se eu contar o que vi ninguém vai acreditar!
- É melhor mesmo eu guardar este segredo para toda a vida, um dia disseram-me que o Pai Natal não aparece a todos, só o vêem apenas aqueles que acreditam nele.
De repente soaram as doze badaladas do relógio da sala, anunciando a meia-noite. É então que o primo Miguel, um pequeno de nove anos, traquina e gorducho de bochechas reluzentes, e de óculos na ponta do nariz, trazendo nos seus olhitos castanhos um brilho de êxtase contagiante, entrou esbaforido pelo quarto a dentro a gritar:
- Carolina! Carolina! Despacha-te vamos ver os presentes que o Pai Natal nos deixou debaixo da árvore de Natal! Carolina levantou a cabeça, abriu bem os olhos estremunhados, soltou um bocejo e ainda perguntou na esperança de não ser a única testemunha daquela aparição.
- Tu viste-o Miguel? Viste o Pai Nat…? Mas o entusiasmo do primo era tanto que nem percebeu a pergunta, olhou para ela e não a deixou concluir, voltou a gritar:
– VEM DEPRESSA CAROLINA PARA ABRIRMOS OS PRESENTES!
E sem mais, o garoto gorducho, desatou a correr para a sala, ofegante, quase derrubando tudo o que encontrava pela frente. Carolina por momentos recordou-se do maravilhoso sonho que acabara de ter. O Pai Natal vira-a e acenara-lhe….
Mas isso agora apenas permanecerá na sua memória como o mais belo sonho da sua infância.
Esta história por agora termina aqui, porque hoje é noite de Natal e é chegada a hora da azáfama de todos abrirem os presentes que estão debaixo da árvore de Natal, chocolates, jogos, bonecas, brinquedos vários para a Carolina prós seus primos e até um brinquedo novo para a gata Mina.
- Então e tu? Acreditas ou não que o Pai Natal existe?
- Eu por mim acredito e acreditarei sempre, enquanto sonhar, transformarei sempre os meus sonhos em realidade. E um dia hei-de contar este segredo mágico aos meus filhos, e aos meus netos para que eles passem o testemunho por gerações para que nunca mais acabe a magia do Natal.

“Desde o séc. III que ele vem, e enquanto houver Homens justos, de amor, perdão, caridade e generosidade na Terra ele virá todos os anos por várias gerações, e os mais pobres e solitários serão lembrados, mas lembra-te ele só aparece aos olhos dos que acreditam mesmo!”
Onde quer que estejas São Nicolau de Mira virá sempre:
  • Alemanha: Nikolaus (ou Weihnachtsmann - literalmente, "homem do Natal")
  • Argentina, Colômbia, Espanha, Paraguai , Peru e Uruguai: Papá Noel
  • Brasil: Papai Noel
  • Chile: Viejito Pascuero
  • Croácia: Djed Mraz
  • Dinamarca: Julemanden
  • Eslovénia: Božiček
  • Estados Unidos: Santa Claus
  • Finlândia: Joulupukki
  • França: Père Noël
  • Itália: Babbo Natale
  • Japão: サンタクロース (lê-se "Santa kurosu" vem do inglês Santa Claus.)
  • Macedônia: Dedo Mraz
  • México: Santa Claus
  • Países Baixos: Kerstman (literalmente, "homem do Natal")
  • Portugal: Pai Natal
  • Reino Unido: Father Christmas
  • Rússia: Ded Moroz
  • Suécia: Jultomte
E um beijo nosso Para ti!

“E qualquer que tiver dado só que seja um copo d’água fria, por ser meu discípulo, em verdade vos digo que, de modo algum, perderá o seu galardão”.

JESUS (Mateus, 10:42)

Texto original de: Anabela & Fernando Figueiredo

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